Por Bruno Romani, Estadão | 21.06.2020.
Um dos desdobramentos inesperados dos protestos iniciados nos EUA, após o assassinato de George Floyd, foi colocar na berlinda o reconhecimento facial. A tecnologia, em crescente desenvolvimento, levanta dúvidas sobre sua eficácia e temores sobre seus perigos quando usada por agências de segurança. Na esteira das manifestações antirracistas, três das principais companhias de tecnologia do mundo decidiram mudar a forma como pesquisam e vendem algoritmos com a tecnologia, levantando questionamentos sobre o seu futuro e os seus limites.
A fila foi puxada pela IBM, que no último dia 9 anunciou que encerrará sua divisão de reconhecimento facial. “A IBM se opõe firmemente e não tolerará o uso de nenhuma tecnologia, incluindo o reconhecimento facial, oferecida por outros fornecedores, para vigilância em massa, elaboração de perfis raciais, violações dos direitos humanos e liberdades básicas”, escreveu Arvind Krishna, presidente executivo da companhia, em uma carta endereçada a congressistas americanos. Indiano, Krishna é o primeiro líder não-branco da IBM – algo visto por analistas como crucial para a decisão da empresa.